sábado, dezembro 24, 2005

Condenado a ser exato


"Condenado a ser exato,
Quem dera poder ser vago,
Fogo fatuo sobre um lago,
ludibriando igualmente
quem voa, quem anda, quem mente,
mosquito, sapo, serpente."

p.leminski



Ainda chegará o dia do "estalo". Trocarei a argumentação pela poesia, a crônica pela composição, o layout pela arte e a razão pela emoção.

Enquanto esse dia não chega continuem aguentando minhas chatices...

domingo, dezembro 18, 2005

preguiça

Vou defender a preguiça. Primeiro que preguiça não é tensão, por outra, é a falta dela. Segundo que se há uma coisa que me move a escrever, produzir, criar e trabalhar não é outra coisa senão o ócio.

É aí que as idéias são formadas, que o imaginário corre solto. É a digestão do cerebro, retro-alimentação do intelecto, uma arena de debates e batalhas silenciosas. Tudo que é construido na vida, antes foi a realizado em outra dimensão. O relaxamento sem culpa é a porta de entrada para essa dimensão.

Fazer, fazer, fazer! Isso é besteira. Importante é realizar. E o realizar vai muito além da visão fordista de trabalho que ainda teima a nos assombrar. Quando a humanidade se libertar dessas convenções (algemas) sociais, quando parar de viver como se todos fossem operarios de fábricas do século XVIII, aí sim talvez tenhamos alguma chance de passar para um outro estágio de desenvolvimento humano.

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Ócio é uma coisa, descaso é outra. Descaso é preguiça de pensar. E é isso que muitos que se auto entitulam criativos tem produzido em propagandas infames. Ontem passei numa grande avenida de Salvador, e observei os outdoors. Nada justifica. Se não gosta do que faz, se não tem tesão pelo negócio - a melhor coisa é mudar. A "preguiça" de criar é evidente. Qualquer anta pode ser criativo, dificil é exercer a criatividade com competência.

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Ainda sob efeitos dos outdoors: Quem foi que inventou essa história de anunciar banda de axé em outdoor? Da Graça até o aeroporto deve ter pelo menos umas 5 "revelações", uns 2 "grandes sucessos do verão" e mais alguns rostos desconhecidos (mas todos estranhemente com o mesmo tom de cabelo vermelho). Se a Bahia tivesse tanta banda de sucesso assim sendo produzida a cada verão o Axé não estaria do jeito que está.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

I know, it’s only Rock’n’Roll, but I like it… like it, like it, yes I do.





Pretensão, des-pretensão, des-pré-tensão, pré-tensão, tensão. Percebi, nos últimos posts uma leve preocupação em (não) ser pretensioso. Entendo e não entendo. Entendo porque a pretensão traz uma relevante carga de motivação e ambição; o que, sem dúvida ajuda no cumprimento dos objetivos. E também não entendo, porque a explicitação da pretensão traz excessivas expectativas por parte de quem escreve e de quem lê.

Expectativas excessivas trazem tensão. Não gosto de tensão. E nem de pré-tensão. E a pretensão? Ah, essa aí tudo bem...

Também não sou despretensioso... Talvez seja o mais pretensioso, mas não sou tenso. Pensando bem, a relação entre a pretensão e a tensão seja só de quem pensa de mais no que não precisa ser pensado... E, talvez por querer me livrar da tensão, despreze a pretensão – ou quem sabe apenas a pré-tensão.

De qualquer forma, a pretensão – inevitável, mas nada tensa – desse texto foi simplesmente estabelecer o essencial não-posicionamento sobre a pretensão como objeto e a não-tensão como objetivo.

“I know, it’s only Rock’n’Roll, but I like it... like it, like it, yes I do”

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Discordo um pouco quando você fala que "o único consenso entre estes irmãos tenha sido o de criar este Blog". Sem dúvida temos mais coisas em comum. A crítica faz parte de nossas vidas. Não temos medo de expor nossas opiniões, ou quaisquer outras opiniões. Já dizia Flaubert que se pode avaliar a importância do trabalho de um homem pelo que se provoca de oposição.

Esse espaço será também usado para confrontar certezas e cutucar crenças, despertar paixões e sucitar reações, questionar tudo que muitas vezes passa batido, incentivar o livre pensamento ou, na pior das hipoteses, incentivar simplesmente o pensamento.

Encerrando esta nota, que mais parece um prefácio, cito Francis: "Trato as pessoas como adultas. O leitor que julgue. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado.”

Até o próximo!