As dificuldades em se discordar de tudo
Eu gosto muito de política. Não, não é nada disso... eu gosto só de estudar política mesmo. E, naturalmente, gosto de ver o noticiário de política e até mesmo de discutir política. Sempre tive, entretanto, muita dificuldade de (primeiro) me posicionar nas discussões sobre política e (segundo) me satisfazer com os insistentes rótulos que surgem nessas discussões. Explico o por quê.
E sabe o pior? Estão todos certos. Não nos xingamentos (é claro), mas
Se quiser eu especifico.
Os de Esquerda se baseiam, sempre, em Marx; e ainda mudam muito pouco quando não estão no Poder. Marx andava por aí no século XIX pós-revolução industrial, antes das conquistas sindicais quando, eu imagino, as classes eram muito mais óbvias e as relações sociais mais tensas. Partir desses princípios (e principalmente de que é possível compreender e propor soluções para uma sociedade dividindo-a entre produtores e não-produtores e ainda assumindo que eles se odeiam) para atuar politicamente no século XXI é antigo, bobo.
Os de Direita se baseiam, quase sempre, nos modelos liberais. Liberais, liberais mesmo – não neoliberais. Os neoliberais são muito mais uma adaptação do liberalismo à realidade da economia financeira do que qualquer coisa. Anyways. Esse liberalismo aí de que falo é aquele mesmo: Adam Smith, século XVIII; mão invisível e aquelas coisas que só funcionam mesmo em feira de banana. É escroto.
Enfim (e por fim), me parece inaceitável, absurdo, bizarro que a imensa maioria das pessoas que se propõem a fazer, discutir e ensinar política se baseiem em teorias com pelo menos 70 anos de idade; de antes da Arte Moderna, do Vietnã, dos Stones, da contra-cultura, da antropofagia cultural e, sobre tudo, de antes do pós-modernismo de Derrida e Foucault,. É insuficiente, pobre, bobo, triste.
*** Importante: quem me chamou a atenção para o fato de que não há progressistas na política atual (nem os que se autodenominam progressistas) foi o insubstituível Edward Said numa frase secundária em um dos artigos da (não menos indispensável) coletânea Cultura e Política. Esse cara é bom.
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